quarta-feira, 31 de março de 2010

Dia Internacional do Parkinsoniano

No próximo dia 11 de abril (domingo) acontecerá no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, um encontro em homenagem ao Dia Internacional do Parkinsoniano.
O evento será promovido pela Associaação Brasil Parkinson, entidade não governamental voltada para o cuidado de portadores da doença de Parkinson, e já marca presença no parque há cerca de seis anos.
Além de divulgar as atividades realizadas dentro da Associação, o encontro é muito rico para levar até a população mais informações sobre o que é o Parkinson, como se trata, como e quem é o portador da doença, além de dar aos parkinsonianos a possibilidade de demonstrarem seu potencial através da exposição de suas obras de arte, de sua voz através do coral e também de habilidades e aptidões físicas.
Fica aqui então o convite para que as pessoas compareçam no dia 11 de abril ao parque do Ibirapuera para saber um pouco mais sobre os nossos parkinsonianos.

Demência na doença de Parkinson

Portadores da doença de Parkinson têm 4 a 6 vezes mais chance de desenvolver algum distúrbio cognitivo do que sujeitos que não têm a doença.
Mais de 1 milhão de americanos estão diagnosticados com DP idiopática. Após cerca de 8 a 10 anos de doença, os portadores têm 80% de chance de desenvolver um distúrbio cognitivo.
Nesse vídeo (em inglês) Dr. Dee Silver fala sobre o medicamento Excelon, também utilizado no tratamento da doença de Alzheimer, que pode controlar esse tipo de sintoma na DP.

De volta aos trabalhos

O blog ficou um bom tempo sem nenhuma postagem nova, porém pretendo procurar notícias e fatos interessantes para divulgar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Assimetria no balanço dos braços pode indicar doença de Parkinson

Balanços de braços assimétricos durante a marcha podem ser um sinal precoce de doença de Parkinson, dizem neurologistas que acreditam que a detecção precoce pode ajudar médicos a realizarem tratamentos que reduzam a velocidade de degeneração dos neurônios até que estratégias para diminuir a progressão da doença estejam disponíveis.

“Atualmente a doença é diagnosticada por tremor de repouso e rigidez no corpo e nos membros”, afirma Xuemei Huang, professor associado de neurologia, do colégio de Medicina Penn State Hershey . “Mas no momento em que nós diagnosticamos a doença, cerca de 50 a 80% das células críticas denominadas neurônios dopaminérgicos já estão mortas.”
Huang e seus colegas estão estudando marcha – a maneira como as pessoas caminham – para compreender os sinais físicos que podem ser um marcador muito precoce para o início do Parkinson. Eles confirmaram a impressão clínica de Huang de que em pessoas com Parkinson, o balanço dos braços é assimétrico. Em outras palavras, um braço balança muito menos que o outro enquanto a pessoa caminha.
“Nós sabemos que os pacientes com Parkinson perdem o balanço do braço já no início da doença mas ninguém havia trabalhado usando um método medido cientificamente para observar se a perda era assimétrica ou quando essa assimetria aparecia pela primeira vez, disse Huang. “Nossa hipótese é que como o Parkinson é uma doença assimétrica, o balanço de um dos braços será perdido antes comparado ao do outro.”
A análise da magnitude do balanço do braço, assimetria e velocidade da marcha mostraram que o balanço do braço de pessoas com Parkinson tem uma assimetria notavelmente maior do que em pessoas sem a doença. Quando os participantes caminhavam mais rápido, o balanço do braço aumentava, mas a assimetria entre os braços se mantinha igual.
“Nós acreditamos que essa é a primeira demonstração de que a assimetria do balanço dos braços pode ser um sinal muito inicial da doença,” disse Huang. “Nossos dados sugerem que isso pode ser uma ferramenta muito útil para a detecção precoce do Parkinson,” observou Huang. “Há esforços em larga escala para descobrir drogas que reduzam a velocidade de morte celular. Quando elas forem descobertas, elas poderão ser utilizadas em conjunto com essa técnica para impedir ou talvez curar a doença, pois eles seriam administrados antes que um dano maior ocorresse.”
Os outros pesquisadores que participaram deste estudo são: Michael D. Lewek, professor assistente de ciência do exercício e do esporte; Roxanne Poole, coordenadora do estudo; Julia Johnson, colega clínico, e Omar Halawa, estudante médico, todos da Universidade da Carolina do Norte.
Os responsáveis por este trabalho foram o Instituto Nacional da Saúde e o Centro de Ciências para o Movimento Humano da Universidade da Carolina do Norte.
ScienceDaily (10 de Dezembro de 2009)
Gostaria de ressaltar que o estudo apresentado nesta matéria é tema da edição atual de ‘Gait and Posture’, uma publicação internacional de grande peso no meio científico de estudos sobre marcha e postura.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Resposta de um fisioterapeuta ao Ato Médico

Segue a transcrição de uma carta feita por um colega meu de profissão em resposta ao Ato Médico:
"Caros senhores favoráveis ao Ato Médico, se o grande problema é "prescrever", por favor, preciso que me prescrevam um tratamento fisioterapêutico para um paciente de 45 anos com uma tendinopatia crônica do tendão do músculo supra-espinhoso, apresentando calcificação no tendão. Ele apresenta história ocupacional de trabalho com elevação dos membros superiores acima do nível da cabeça (é vendedor de loja de roupas).
Como é ex-jogador de voleibol, desenvolveu lesão do nervo supra-escapular, que culminou numa atrofia do músculo infra-espinhoso. Devido a distúrbios hormonais, desenvolveu osteoporose. Na avaliação, apresentou restrição da mobilidade da cápsula posterior do ombro, fraqueza dos músculos rotadores internos do úmero (grau 3), além de fraqueza de serrátil anterior e trapézio fibras inferiores (graus 4 para os dois músculos). A articulação esterno-clavicular também tem sua mobilidade diminuída.
O que devo fazer, Dr.? Como posso fazer para restaurar a mobilidade da articulação? O que é mais indicado: mobilização articular ou alongamento? No caso de ser mobilização, que grau devo utilizar? No caso de ser alongamento, é preferível o alongamento ser estático ou balístico? Ou seria melhor utilizar de contração-relaxamento? Qual o tempo adequado de manutenção do alongamento? Ou será que é tudo contra-indicado, devido à osteoporose? Com relação ao fortalecimento dos rotadores internos do úmero, qual exercício seria mais indicado para fortalecer o músculo sub-escapular, importante na estabilização dinâmica da articulação gleno-umeral? Devo usar thera-band, halteres, resistência manual ou simplesmente realizar exercícios ativos livres?
Com relação ao serrátil anterior qual exercício seria mais indicado? Push-ups? Protração resistida? Exercícios ativos apenas, simulando atividades funcionais e procurando evitar movimentos escapulares anormais? Tudo isso? Nada disso? E se ele utilizar de compensações para a realização dos exercícios, como devo proceder? Com relação ao trapézio inferior, é melhor fazer o exercício contra ou a favor da gravidade? Devo ou não utilizar de movimentos ativo-assistidos? Qual o melhor exercício? Existe tal exercício? No caso da restrição da articulação esterno-clavicular, é necessário corrigir essa alteração de mobilidade? Se for, é possível corrigí-la? Como proceder? Tem contra-indicações ou precauções? Não podemos esquecer de tratar também o tecido lesado (tendão do supra-espinhoso). Ele apresenta dor moderada ao elevar o membro superior D acima de 90 graus, que diminui a praticamente zero ao abaixar o braço. É necessára analgesia? Se for, que forma TENS? Qual a modulação (frequência, comprimento de onda, duração e intensidade)? Ou será que crioterapia é melhor? Em qual forma de aplicação? Por quanto tempo? Ou será que nenhuma analgesia é necessária? O que posso fazer para estimular o reparo do tendão? US (quantos MHz? Quantos W/cm2? por quanto tempo? Onde aplicar?), Laser (qual a intensidade? duração? tem contra-indicações?), exercícios (excêntricos, concêntricos, isométricos, resisitidos, livres? quantas séries e repetições? Qual o intervalo entre séries? Quantos RM? Devo fazer todos os dias ou não? É contra-indicado exercício?).
Como posso fazer um exercício para supra-espinhoso? Por favor, repassem essa mensagem com urgência para todos os médicos com competência para me ajudar, pois estou com o paciente afastado do trabalho por invalidez e continuo aguardando a "prescrição médica da fisioterapia", já que sem a "prescrição médica", segundo o ato médico, não posso fazer nada e nós todos os brasileiros, inclusive os médicos estamos pagando para ele não trabalhar. Não deixemos esse afastamento virar aposentadoria!
Concluindo: Sim ao ato médico, desde que os médicos estudem na faculdade todo o conteúdo que outras 13 profissões da área de saúde têm em seu currículo.
Marco Tulio Saldanha dos Anjos
Fisioterapeuta
CREFITO-4 51246-F

Ato Médico: profissionais da saúde sem autonomia

Em 21/10/2009 a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 7703/06, chamado de Ato Médico, que regula o exercício da medicina e determina que procedimentos devem ser realizados exclusivamente pelos médicos. A proposta da lei é de deixar mais restrita e detalhada as regras quanto aos procedimentos médicos, o que pode gerar muita discussão e contestações judiciais entre outras área da saúde. Como por exemplo, a exclusidade dos médicos quanto a formulação de diagnósticos de doenças e prescrição de medicamentos. Além disso, entidades representativas de outras áreas da saúde se opõem à proposta com o argumento de que a população tem o direito ao livre acesso aos profissionais da saúde, sem que tenham de passar obrigatoriamente por uma consulta médica.
Ainda segundo o Ato Médico aprovado pela Câmara, as atividades realizadas normalmente por outros profissionais ligados ao setor da saúde, como a aplicação de injeções subcutâneas, intramusculares ou intravenosas; coleta de material biológico para análise laboratorial; realização de exames citopatológicos (análise de amostras de células) e seus laudos; e realização de cateterismo sem cirurgias (no esôfago ou no nariz, por exemplo), são explicitamente citadas como não privativas de médico. No entanto, deve haver uma indicação médica para o procedimento.
Diversos profissionais terão seu trabalho subordinado aos médicos, e a sociedade perderá seu livre direito de ter acesso a um profissional da saúde.
Espero, com esse post, difundir esse fato, levar informação a muitas pessoas para que possam votar e opinar a esse respeito.
Gostaria de contar brevemente uma situação pela qual passei (dentre tantas) no ano de 2004, quando trabalhei numa clínica de fisioterapia que prestava serviços para um convênio. Uma senhora chegou com queixa de dor no quadril e uma guia médica com o pedido de dez sessões de fisioterapia. O médico que fez a prescrição não determinou apenas o número de sessões (dez, esse número místico que médicos e planos de saúde adoram), mas também o que deveria ser feito na fisioterapia: aplicação de ondas curtas, dentre outras coisas.
Bom, a esta altura eu já havia feito uma breve anamnese com a paciente e já sabia que ela tinha uma prótese em um dos quadris, uma contra-indicação total para o uso de ondas-curtas (prescrito pelo médico). Quando tentei explicar isso pra ela, recebi uma negativa. Ela me disse que o médico havia MANDADO fazer e que, se ele disse, como poderia estar errado?"
Pacientemente eu tentei explicar de uma forma simples o funcionamento de um aparelho de ondas curtas, sem muito sucesso. Mas para resumir, devido ao calor profundo que o aparelho gera, se aplicado sobre uma região que tenha implante metálico, pode até fazer o implante derreter, e gerar consequências graves!
No final das contas ela ficou meio descontente com o que eu disse e por NÃO TER APLICADO O ONDAS CURTAS, e eu, ciente de que estava aplicando os conhecimentos que obtive na faculdade, e certa de que se tivesse seguido a prescrição médica, teria causado um sério dano à paciente, além de correr o risco de ser processada e até mesmo ter meu crefito suspenso, já que o senhor doutor que prescreveu o tal aparelho não iria responder pelos meus atos de fisioterapeuta. Pois quem está habilitado para avaliar e prescrever uma conduta fisioterapêutica é o fisioterapeuta.
Essa é apenas uma de muitas histórias que vemos por aí, todos os dias, eu e meus colegas de profissão e da área da saúde.
Temos que lutar para informar a todos sobre o Ato Médico, e evitar que ele seja colocado em prática.
A Agência Senado está promovendo uma enquete, através do seu site, sobre a regulamentação da medicina. A pergunta "você é a favor ou contra a regulamentação do exercício da medicina nos termos do projeto PLS 268/02?" ficará no ar até o fim de dezembro e pode ser acessada na página principal da Agência. Dê o seu voto ao projeto, que foi aprovado em outubro pela Câmara dos Deputados, e, agora, aguarda a avaliação dos senadores.
http://www.senado. gov.br/agencia/ default.aspx? mob=0.

Cientista brasileiro está mais perto da cura do mal de Parkinson

Os portadores do mal de Parkinson têm um motivo para comemorar. Uma pesquisa desenvolvida pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis caminha em direção à cura dos sintomas da doença. O paciente não poderá dizer que está livre do problema, mas viverá sem os terríveis tremores e a incapacitante rigidez muscular. Para quem sofre de Parkinson, recuperar o controle dos movimento é o mesmo que estar curado.
A técnica consiste em um pequeno corte na altura do pescoço para implantar uma espécie de marca-passo na medula. Hoje, marca-passos são colocados no interior do cérebro, mas a cirurgia é cara e muito invasiva. A nova técnica de Nicolelis parte de uma visão diferenciada da neurologia, criada pelo próprio cientista, e que o transformou em um dos pesquisadores mais importantes da atualidade.
Seu grande mérito está na compreensão do cérebro como um órgão contínuo, com os neurônios agindo em conjunto. Até hoje, os neurologistas pressupõem uma série de divisões, nas quais cada área do órgão se- ria responsável por funções distintas. Para Nicolelis, essa divisão não faz sentido. Ele pretende, inclusive, publicar em 2010 um livro com sua nova teoria sobre o cérebro.
Ao pensar no sistema nervoso de forma mais integrada, o neurologista buscou outra porta de entrada para combater o Parkinson. Atualmente, já existem cirurgias para implantes de marca-passos, mas elas são restritas a cerca de um terço dos pacientes. “E são muito caras, o que é uma grande dificuldade para o brasileiro”, explica a neurologista Elza Dias da Silva, presidente da Academia Brasileira de Neurologia.
O experimento de Nicolelis foi realizado em ratos e camundongos que tinham rigidez muscular. Ao implantar o estimulador, eles imediatamente começaram a se mexer. Foi um sucesso. Os animais ficaram 26 vezes mais ativos. O cientista testou ainda uma combinação: o estimulador com medicações. Bastaram duas doses de remédios para obter bons resultados. Sem o estimulador, foi preciso subir para cinco doses.
O estimulador elétrico corrige uma espécie de curto-circuito do sistema nervoso. Em pessoas saudáveis, os neurônios (células cerebrais) se “acendem” com velocidades diferentes conforme a informação sobre um movimento é transmitida entre cérebro e corpo. No portador da doença, os neurônios disparam ao mesmo tempo. Como resultado, a pessoa tem tremores ou rigidez muscular.
Para resolver o problema, Miguel Nicolelis implantou duas sondas metálicas muito finas na coluna das cobaias. Por elas, uma corrente elétrica foi transmitida para a medula, corrigindo o ritmo dos neurônios. O próximo desafio é testar a técnica em macacos. Uma equipe de cientistas estuda como fazer isso no Instituto de Neurociência de Natal. “É uma pesquisa muito promissora”, afirma Elza.